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                 O Comentário da Semana por José 
                Pedro Calheiros | 
             
           
          
          10 
            Abril 2010 
            Eu é que sou o Presidente ... 
           
            
               
                |   Fantástico 
                    quadro de comédia protagonizado por Herman José, 
                    onde o Presidente de Junta vem afirmar que ele é essencial. 
                    Que ele é o garante da sua região, que ele é 
                    o ... "Presidente da Junta". Mas deixemos este fantástico 
                    quadro e passemos a outro. Eu gostava muito de ser o Presidente 
                    da EDP da GALP ou da CGD, ou mesmo o Director Executivo da 
                    PT, e de ter o salário milionário que estes 
                    quadros recebem. E os prémios que lhes são atribuídos 
                    correspondentes a vários salários. No entanto 
                    já não gostava de ter o salário do Cristiano 
                    Ronaldo, do Robert de Niro ou do Schumacher. Precisamente 
                    porque não consigo de forma nenhuma tomar o lugar de 
                    qualquer um destes. São estrelas em si mesmo, de capacidade 
                    inata e de experiência pessoal, geram milhões 
                    e alimentam a vida de muita gente, por isso recebem uma fatia 
                    grossa dessa riqueza gerada. Não decidem as suas remunerações, 
                    nem dispõem de monopólios que possam gerir como 
                    um exército em campo de conquistas. Mas 
                    os primeiros sim.  
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             Serão 
            pessoas com excelentes capacidades de gestão, com experiência 
            de vida nas áreas onde se mexem, com uma apurada e recheada 
            rede de contactos ? Provavelmente tudo isso.Mas a verdade é 
            que são absolutamente substituíveis. Além do 
            mais estas remunerações não premeiam o risco 
            de colocação do seu dinheiro nestas empresas, como acontece 
            com as empresas privadas geridas pelos seus proprietários. 
            Qualquer das empresas que referi teriam absolutamente o mesmo desempenho 
            com outro gestor de topo ou até mesmo sem ninguém nesse 
            posto. Ou ainda melhor, comigo nesse lugar. Porque sinto que posso 
            ser qualquer destes Presidentes. Se for preciso, já amanhã. 
            Nenhuma dessas empresas sairia do rumo que segue. Mas experimentem-me 
            a jogar futebol no Real, a representar em Hollywood ou a pilotar um 
            Fórmula 1. Seria desastroso. A crítica social que tem 
            alimentado esta questão é precisamente a desproporcionalidade 
            da remuneração face à justeza da insubstituibilidade 
            do cargo. Afinal o cargo de Presidente, mesmo o da Junta, é 
            algo que verdadeiramente não se "é", mas sim 
            ao qual se "chega". E por agora chega. 
             
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