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8
Março 2007
Comentário
da Semana "Pão, pão ? ... Tem de ter, de Português,
a mão."
José Pedro Calheiros
| Tenho
um amigo que arranjou uma namorada Venezuelana através de
um contacto via internet. Vim a saber que as amigas dela, quando
de tal souberam, de imediato se riram, dizendo-lhe que já
a estavam a ver de bata branca e coberta de farinha, tal é
a fama dos Portugueses de serem padeiros e pasteleiros, além
fronteiras.
Na realidade, nem ele é padeiro, nem ela teria jeito para
a coisa. Para a coisa de ser padeira. Mas o que interessa aqui é,
mesmo, o comentário sobre o pão. |
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Realmente, já comi pão razoável noutros países,
mas nunca como em Portugal, como o que comi no passado Domingo, em Sesimbra,
acabado de cozer, estaladiço, de miolo levemente húmido,
deixando-se ensopar por deliciosa manteiga de ovelha acabada de fazer
nessa madrugada ou, um pouco mais tarde, servindo de apoio a uma caldeirada
de peixe. Uma delícia transcendental, até pela simplicidade.
Mas poderia ter comido o pão noutros sítios: Mafra, Casebres,
Alcácer, Lagoinha, Idanha, Viana, Gerês (aqui a broa de milho).
Em todos estes locais, e em tantos outros, deste Portugal ou onde as mãos
são Portuguesas, o pão é mais que um alimento essencial
ao dia a dia. É um prazer delicioso. E muitas vezes tão
pouco valor lhe damos. E como gostaria - é verdade, como gostaria
- que neste dia, em que se comemora a figura da Mulher, fosse possível
que todas as Mães do Mundo tivessem o pão suficiente para
criar os seus filhos, os Homens e Mulheres de um amanhã incerto.
Sempre aprendi o valor sagrado do pão. Compreendo isso todos os
dias, quando tenho o privilégio de ter a minha fatia.
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