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Blog O Comentário da Semana por José Pedro Calheiros

7 Janeiro 2011
Isto vai acabar mal !

Eu não me lembro muito bem dele no tempo de governante, mas desde há dois ou três anos que o Dr. Medina Carreira faz parte da vida dos portugueses. Primeiro do imaginário global, onde as suas profecias pareciam vindas das profundezas do negrume infernal, como se tratasse de um corcunda míope, atravessado por mil demónios que anunciava que o fim estava perto. Mas ele lá foi seguindo na sua cruzada de dizer sempre o mesmo e como o senhor é, na realidade, muito bom na sua especialidade, começou-se a tomar mais atenção ao que dizia. Quando se juntou a Silva Lopes, as vozes mais ensolaradas do sistema começaram a compara-los a Statler e Waldorf, criando aquele clima do “pois, mas, sabem, eles são especialistas, mas não é bem assim, exageram um pouco, portanto”.

Mas a progressão é geométrica e hoje o país (estado, empresas, associações, ricos, classe média, remediados, mendigos, bancos ... enfim todos) não temos possibilidade de pagar o que devemos. Nem hoje nem nunca mais. Claro que agora é altura de vender os anéis nas cogumélicas lojas de compra de ouro, para pagar as dívidas das bijutarias de plástico e rádios de pilhas de andamos durante quinze anos a comprar aos chineses. Primeiro o crédito fácil, depois os avisos do tipo “você devia saber” e “a escolha é do consumidor”. Depois o “passem para cá o ouro”. E finalmente um dia virão e nós seremos transformados em escravos do Grande Império do Oriente. Não se admire quando o pacato senhor chinês da loja da sua rua tomar o poder da sua Junta de Freguesia, assim sem mais. Nessa altura, Medida Carreira será lembrado pela frase “Isto vai acabar mal !”.


Comentários
9 Janeiro 2011 - Fernando Wintermantel
O teu "comentário da semana" suscitam-me as interrogações seguintes:
Serão os chineses responsáveis pelas inúmeras derrapagens financeiras e investimentos públicos ruinosos que se traduziram num assalto à riqueza do estado?
Serão os chineses responsáveis pelo facto de significativa parte da população considerar o erário público como coisa alheia até ao dia em que o seu rendimento foi diminuído para tapar o buraco financeiro existente?

9 Janeiro 2011 - Jorge Farinha
Obrigado pelo teu comentário da semana. Fizeste-me rir com vontade, apesar de não fazer a menor idéia de quem são os senhores Statler e Waldorf. Mas se não vão jantar a casa das " vozes mais ensolaradas do
sistema", se não merecem a sua total confiança, merecem seguramente a nossa, são gente de bem, e como tal, parece-me a mim que devo fazer já de seguida uma pesquisa mesmo que rápida para saciar esta minha incurável curiosidade sobre tudo e todos. Sou um cusco do caraças, é o que é!

Adiante!
Ainda quanto à substância do teu comentário:
Nós é que por vezes andamos distraídos, José Pedro. Ou demasiado absorvidos pelo trabalho (o que vai dar no mesmo), e por isso nem sempre percebemos que Portugal há muito que não é nosso. Imagina tirar do mercado tudo quanto vem de Espanha, e vê com o que ficamos. Mas os espanhóis são neste momento os nossos maiores "amigos". Felizmente (ou será que não?) que abandonamos aquele velho preconceito segundo o qual, "de Espanha nem bom vento nem bom casamento!". Pudera!!! Como se já não bastásse tudo o resto, eles até nos dão há muito (e mais que nunca agora), gasolininha mais barata!!! Bom,... e além disso não têm uma explosão acentuada de densidade populacional que os obrigue a uma diáspora que possa vir a ameaçar num futuro breve o nosso sistema económico, não têm máfia, não fazem espionagem industrial em níveis que nos possam ameaçar (até porque nós também não temos indústria), são quase tão tesos como nós, não têm armamento nuclear, enfim... não têm muitas ameaças que outras potências terão. Mas quanto a mim José Pedro, no meu fraco entender e até melhor opinião em contrário, o maior perigo de todos tem origem no ventre do nosso próprio berço. Para mim o perigo magno é o de nós continuarmos a acreditar que se conseguimos viver desde a nossa fundação até hoje sempre à custa de cambalachos, de jogos habilidosos de cintura, de pequenos atos de pilhagem aqui e acolá que nos permitiam comprar uma camisita nova para ir passar o "Rabalhão" fora, poderemos continuar a fazê-lo nas calmas, porque é isso que está na nossa massa do sangue. Afinal Portugal não nasceu pelas mãos de um gajo que roubou e bateu na mãe??? Este sim, é no meu entender, o maior perigo. O facto de continuarmos a não ter consciência que a riqueza, para ser sólida, só pode advir do trabalho. Do trabalho honesto, suado e empenhado. Talvez demasiado tarde, iremos perceber que teremos de correr a pontapé e impedir definitivamente o regresso de todos os corruptos que por artes de magia ou por cegueira de um povo medíocre se encostaram ao poder e que sufocaram e sufocam este país. Então poderá acontecer que este "jardim à beira-mar plantado", se possa finalmente levantar do chão e oferecer às gerações vindoras condições para nele se fixarem e prosperarem, sentindo-se orgulhosos dos eu esforço e da sua nacionalidade. E mais não digo porque tens mais que fazer.

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